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Que tal “vestir” um computador?

Que tal “vestir” um computador?

Em novembro de 1989, estreava nos Estados Unidos o segundo filme da trilogia “De volta para o futuro”. O diretor Robert Zemeckis imaginou o ano de 2015 repleto de tecnologias que, para a época, não passavam de um grande exercício de imaginação: hologramas, filmes 3D, robôs assistentes, videoconferências, tablets e outras, que hoje se tornaram realidade. Em uma das cenas tecnológicas mais marcantes, Marty McFly, personagem do ator Michael J. Fox, tem sua jaqueta secada automaticamente por um dispositivo embutido nela. Antes disso, o mesmo personagem havia vestido um tênis que se adaptava a seu pé e era amarrado automaticamente. Assim foi uma das primeiras aparições dos dispositivos vestíveis (ou wearable devices) no cinema.

De acordo com Steve Mann, engenheiro e inventor canadense, em seu artigo Definition of “Wearable Computer” (disponível em: http://wearcomp.org/wearcompdef.html), um dispositivo vestível é um computador que está no espaço pessoal do usuário, é controlado por ele e está sempre ativo e pronto para executar comandos. Aquele que estiver “vestindo” um desses dispositivos poderá realizar diversas atividades, como uma caminhada ou tocar um instrumento musical e, mesmo assim, ele estará disponível para interações com o usuário.

Atualmente, os principais dispositivos vestíveis do mercado são os smartwatches ou relógios inteligentes. Dotados de pequenas telas sensíveis ao toque (touchscreen) e com preços ainda impopulares, vêm ganhando bastante destaque, pois são simples e de fácil utilização. Possuem conectividade bluetooth, são capazes de interagir com smartphones para, por exemplo, notificar o usuário por meio de vibração sobre o recebimento de uma ligação ou até mesmo fazer uma ligação ou enviar um SMS via comando de voz (assim é possível deixar o smartphone sempre no silencioso e comandá-lo pelo relógio por meio de comandos de voz, toques na tela e movimentos com o braço). Alguns modelos possuem GPS (Sistema de Posicionamento Global), monitor de frequência cardíaca, pedômetro (monitoramento de passos), agenda e diversos outros recursos úteis para os vários perfis de usuários. As possibilidades de aplicações são várias, desde um simples assistente para tarefas do cotidiano até um completo monitor de performance e saúde, pois os dados captados pelo relógio podem ser enviados a um smartphone e processados por um aplicativo que pode armazená-los na nuvem para posterior consulta e mapeamento de dados históricos. Motorola, Samsung e outras empresas possuem seus modelos de relógios inteligentes disponíveis para compra.

Uma alternativa ao relógio inteligente é a pulseira inteligente, também conhecida como smart bracelet. Tal dispositivo possui menos recursos que um smartwatch, custa menos e é focado no bem-estar, isto é, geralmente possui apenas os recursos relacionados com a saúde, tais como monitoramento de frequência cardíaca, da qualidade do sono, de calorias gastas, de quilômetros percorridos durante o dia e outros mais simples como alarmes e cronômetros. Os dados captados pela pulseira podem ser enviados a um smartphone para serem processados por um aplicativo. Seus entusiastas são pessoas que fazem diariamente seus exercícios físicos.

O mercado está em crescimento e, segundo publicações especializadas, até 2019 serão vendidos cerca de 127 milhões de dispositivos vestíveis no mundo. E o que vem depois? Roupas inteligentes capazes de regular a temperatura do usuário de acordo com o ambiente, óculos assistentes para deficientes visuais (Google Glass e Microsoft Alice-Band), camisetas com telas dobráveis que mudam de estampa, coleiras inteligentes para monitoramento e rastreamento de animais, enfim, são muitas as possibilidades. Já pensou em “vestir” um computador?


Esse texto foi publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 24 de janeiro de 2016.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!