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A “Uber-tendência” e a extinção de profissões.

A “Uber-tendência” e a extinção de profissões.

No decorrer da recente história da computação, dezenas de dispositivos foram perdendo sua utilidade e acabaram substituídos, primeiramente pelos computadores, depois pelos telefones celulares e, finalmente, pelos tablets e smartphones. Além de tecnologias e dispositivos, diversas profissões simplesmente desapareceram ou deixaram de ter a mesma relevância. O telefonista, o telegrafista e o datilógrafo são apenas exemplos disso, foram extintos no século passado. Mais recentemente, entre as profissões que perderam sua relevância e podem ser suprimidas devido a avanços tecnológicos, estão o operador de caixa, o vendedor de “porta em porta” (caixeiro viajante), o leiturista (medidores de consumo de energia elétrica e água) e várias outras.

Em 2012, com a popularização dos dispositivos móveis, houve um crescimento do uso de smartphones e tablets para a conexão com a internet e, em consequência disso, diversas empresas aderiram ao fenômeno conhecido como appficação, isto é, a criação de aplicativos móveis para facilitar o acesso dos usuários e clientes aos seus serviços. Atualmente são criados aplicativos de todo tipo: previsão do tempo, compras e vendas online, redes sociais, relacionamentos, resumos de notícias e outros. A appficação prova, a cada dia, que, qualquer que seja a regra de negócio de uma empresa, ela pode ser reduzida a um simples aplicativo móvel.

Assim, surge o Uber (www.uber.com/pt), uma inovação capaz de substituir o tradicional serviço de táxi. Depois que o usuário baixa e instala gratuitamente o aplicativo homônimo, basta realizar um cadastro simples e ele estará pronto para solicitar um veículo para transporte. Com um simples comando, é possível definir a rota de viagem e, então, via internet e com o apoio do GPS (Sistema de Posicionamento Global), o aplicativo requisita o veículo mais próximo do usuário, que saberá com antecedência o valor da corrida, pago diretamente pelo próprio aplicativo com cartão de crédito, dispensando, assim, o uso de dinheiro em espécie. Após cada viagem, é possível avaliar anonimamente o motorista, portanto o profissional que não oferecer um serviço satisfatório poderá deixar de ser um motorista credenciado. Caso o usuário simpatize com o motorista ou esqueça algum pertence, é possível entrar em contato com ele via aplicativo. No Brasil, o Uber está operando em Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. No mundo, está presente em mais de 380 cidades.

Segundo os sindicatos dos taxistas, a concorrência do Uber é desleal, pois, em diversas cidades, esses são obrigados a pagar diversas taxas e impostos para as prefeituras, além de fazer cursos de reciclagem de tempos em tempos. Já para ser motorista do Uber, é necessário ter a carteira de motorista, um atestado negativo de antecedentes criminais, comprovante de seguro e um veículo elegível, isto é, de acordo com os padrões do serviço (ano 2008 ou mais recente e ar-condicionado). Nas cidades onde ele opera, acontecem diversas manifestações de taxistas, nem sempre pacíficas. O fato é que, enquanto os sindicatos dos taxistas apelam ao poder regulatório do Estado reivindicando que o serviço seja impedido ou, quem sabe, regulamentado por meio de impostos e taxas que, em última instância, poderiam torná-lo inviável, o Uber cresce em escala mundial, oferecendo um serviço diferenciado, seguro e de qualidade. Uma lição a todo profissional e empreendedor: a estabilidade é uma ilusão. Vários taxistas já aderiam a essa inovação visando à permanência na profissão e maior retorno financeiro.

Se o Estado tivesse impedido todos os avanços tecnológicos das últimas décadas e a extinção de determinadas profissões, certamente ainda estaríamos fazendo ligações via telefonista, datilografando documentos oficiais e, quem sabe, enviando mensagens via Código Morse. A “Uber-tendência” é o futuro!


Esse texto foi publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 28 de fevereiro de 2016.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!