O que é cozinha em nuvem (cloud kitchen)?
Computação em nuvem (cloud computing) é um conjunto de tecnologias que disponibiliza recursos computacionais sob demanda por meio da internet sem gerenciamento ativo do utilizador, que não sabe onde o serviço está localizado geograficamente. Isso significa que os usuários dos chamados “serviços em nuvem” contam com espaço de armazenamento de dados, plataformas colaborativas e diversas outras aplicações, todas acessíveis por meio de um dispositivo conectado à internet. Uma das principais vantagens da computação em nuvem é o fato de que é possível ter acesso a serviços de qualidade a um custo relativamente baixo. Assim, em vez de investir diretamente em infraestrutura, as empresas podem contar com o know-how e as tecnologias de Google, Microsoft e Amazon.
Com o fenômeno da “appficação”, ou seja, o surgimento de modelos de negócios que se caracterizam pela insubstituível presença do uso de um aplicativo móvel, a “nuvem” começou a ter um papel ainda mais importante. Os aplicativos Uber e Nubank são dois exemplos do poder disruptivo da “appficação”. Nesse sentido, era inevitável o surgimento de novos serviços inspirados pela onipresente nuvem, ainda mais se considerarmos a crise causada pela pandemia da covid-19.
Durante a presente crise, um dos setores mais afetados foi o de bares e restaurantes, que tiveram que fechar suas portas. Na verdade, mesmo antes da crise, muitos empresários encontraram nos aplicativos de entrega (iFood, Uber Eats, Rappi, etc) um meio para aumentar suas vendas. Dessa parceria nem sempre tão justa (polêmicas à parte!), surgiu um conceito chamado “cloud kitchen” (cozinha em nuvem), também conhecido como “ghost kitchen” (cozinha fantasma).
Uma “cloud kitchen” não existe no mundo físico, ou seja, ela produz comida exclusivamente para entrega, reunindo profissionais em um espaço compartilhado, como no modelo de coworking, atendendo diversos restaurantes. Diferentemente dos aplicativos de entrega que surgiram para oferecer um serviço para restaurantes, as cozinhas em nuvem vieram para oferecer um serviço aos aplicativos de entrega.
Uma “cloud kitchen” não existe no mundo físico, ou seja, ela produz comida exclusivamente para entrega, reunindo profissionais em um espaço compartilhado, como no modelo de coworking, atendendo diversos restaurantes.
Com as cozinhas em nuvem é possível reduzir drasticamente os custos por meio da colaboração e do compartilhamento de espaços e recursos. Elas não precisam estar localizadas nos grandes centros comerciais, não necessitam de lugares para que os consumidores façam suas refeições, tampouco de garçons ou atendentes. Ademais, os proprietários podem dividir despesas como aluguel, funcionários, água, energia, limpeza, segurança, embalagens, além de ter mais poder de negociação nas compras e nas taxas de cartão de crédito, criando uma espécie de minicooperativa, obtendo vantagens que não conseguiriam se estivessem sozinhos. Outro benefício é que é possível oferecer pratos sazonais, isto é, de acordo com uma determinada época do ano, sem grandes investimentos.
Apesar do entusiasmo e dos grandes investimentos ao redor do mundo, o modelo de cozinha em nuvem possui grandes desafios, principalmente a forte concorrência entre os aplicativos de entrega. Por isso, é necessário analisar qual plataforma oferece os melhores serviços para impulsionar as vendas. Outra questão a ser considerada é como se conectar emocionalmente com os consumidores para fortalecer a marca, considerando que ter um aplicativo de entrega como intermediário pode dificultar diversas ações de marketing. Mesmo diante dos desafios, o conceito de cozinha em nuvem está crescendo no Brasil e no mundo e, ao que tudo indica, deverá ser mais um dos componentes do chamado “novo normal” do período pós-covid.
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 13/09/2020