O Fim da Eternidade (Resenha)
Não há dúvidas que Isaac Asimov é um dos maiores escritores de ficção de todos os tempos. Seu talento genial é lembrado principalmente por duas sagas: a trilogia “Fundação” e a aclamada “série dos robôs” (composta por 5 livros). Entretanto, o talento de Asimov nos presenteou com diversas obras primorosas que marcaram história. Uma delas é o “O Fimda Eternidade”.
Publicado originalmente em 1955 e no Brasil em 2007 (Editora Aleph), O Fim da Eternidade destoa dos temas frequentemente associados a Asimov, como robôs e space opera. Trata-se de uma obra com elementos de suspense e thriller que possui como pano de fundo as viagens temporais.
Enredo
Andrew Harlan é um eterno, classe de seres humanos que vivem em um plano existencial chamado Eternidade, que lhes permite viajar pelos séculos, monitorando e alterando realidades. Na eternidade há uma hierarquia muito bem definida, sendo composta por computadores (os seres mais sábios e influente), observadores (responsáveis por observar as realidades), técnicos (que analisam e sugerem mudanças de realidade), aprendizes (pessoas escolhidas para serem eternos), entre outras categorias.
Os computadores, membros superiores da Eternidade, determinam mudanças mínimas necessárias (MMN) objetivando evitar tragédias e perpetuar a humanidade. Nesse contexto, Harlan é um técnico exemplar, competente e aspirante a computador.
“Mas quem é que ajusta as máquinas e diz a elas o que pesar na balança? As máquinas não resolvem problemas com maior lucidez do que os homens, só resolvem mais rápido. Só mais rápido! Então, o que é que os Eternos consideram o bem? Eu lhe digo. Proteção e segurança. Moderação. Nada em excesso”
Tudo ia bem, até que Harlan se apaixona por uma “tempista” (pessoa que mora no tempo, fora da Eternidade) chamada Nöys, fazendo com que ele caia na tentação de verificar o futuro de sua amada. Assim, ao descobrir que uma mudança de realidade planejada fará com que Nöys jamais viesse a existência, Harlan se lançanuma cruzada que pode comprometer sua vida e a própria Eternidade.
Análise
O Fim da Eternidade é uma obra primorosa, complexa e cativante. Eu nunca havia lido uma obra que tratasse de viajens temporais da maneira como Asimov coloca nesse livro. Não espere por clichês, pois garanto que você irá se surpreender a cada página. O próprio romance entre Harlan e Noys, que determina toda a trama, foge totalmente do óbvio.
Apesar de ter um início lento, um pouco confuso e cheio de informações, o que pode frustar o leitor, depois do 4º capítulo, a obra começa a revelar sua verdadeira essência. A forma como a narrativa é desenvolvida faz com que assimilemos o universo da obra de maneira gradual, o que nos leva a “passar batido” em alguns parágrafos. Mas, não se enganhe, todos os elementos aparentemente soltos, os personagens “aleatórios” e outra questões aparentemente sem importância são determinantes para o enredo.
Nesse sentido, apesar de toda a narrativa girar em torno de Harlan, frequentemente somos lembrados da importância dos outros personagens e, principalmente, sobre a hierarquia da Eternidade e do tamanho poder que essa organização possui.
Indo além da obra, é impossível não associar a Eternidade e os eternos a diversos elementos políticos contemporâneos. Na obra de Asimov, os eternos vivem em um plano totalmente fora do tempo, mas têm autoridade e poder para alterar diretamente a realidade em que vivemos, nos fazendo reféns de um poder paralelo que sequer sabemos que existe. Isso não é muito diferente dos acordos escusos e das leis que que são votadas nas sessões ocultas das madrugadas de Brasília.
Conclusão
O Fim da Eternidade é uma obra absurdamente fantástica e indispensável a todos que gostam de ficção. A temática “viagem no tempo” é explorada de uma maneira que foge totalmente do óbvio, refletindo a mente genial de Asimov. Recomendo!