As profissões do futuro (Parte 04 – Final)
Nas três últimas edições desta coluna, abordei 6 das 21 profissões do futuro destacadas no estudo intitulado 21 more jobs of the future (Os 21 empregos mais importantes do futuro – em tradução livre), publicado pela Cognizant em outubro de 2018. Hoje encerro esta série mencionando outras duas profissões que deverão surgir nos próximos anos.
E-Sports Arena Builder (Construtor de arena de esportes eletrônicos).
Além dos fãs, praticantes e atletas profissionais, que investem consideráveis quantias em computadores, videogames, acessórios e serviços voltados aos eSports (esportes eletrônicos), diversas empresas estão de olho nesse mercado que movimenta cerca de US$ 1 bilhão. Assim, elas, e até clubes de futebol, estudam a possibilidade de formar times e construir arenas objetivando os campeonatos de eSports.
Assim como acontece nos esportes tradicionais, os fãs de eSports também lotam arenas. Eles querem ter a experiência única de estar reunidos com milhares de pessoas que compartilham os mesmos interesses, além de acompanhar um evento esportivo de alto nível presencialmente. A final do campeonato mundial do game LOL (League of Legends) de 2018 reuniu 23 mil pessoas em uma arena da cidade de Icheon, na Coréia do Sul, além de quase 100 milhões de espectadores via transmissões oficiais pela TV e internet.
Nesse contexto, o construtor de arenas de esportes eletrônicos deve ser capaz de criar arenas ou adaptar espaços existentes para viabilizar as diversas modalidades de eSports. Seus principais conhecimentos e habilidades envolvem: gestão de projetos; análise de contratos; noções de arquitetura, engenharia civil e segurança; infraestrutura de comunicação; principais tecnologias envolvidas no mundo do eSport; profundo conhecimento da cultura e das diversas modalidades do esporte eletrônico; capacidade de liderança e trabalho em equipe.
Head of Machine Personality Design (Líder de design de personalidade de máquina)
Com a crescente adoção dos robôs, físicos ou virtuais, os clientes das organizações estão interagindo cada vez mais com agentes inteligentes que dispensam total ou parcialmente a interação com seres humanos. Entretanto, essa interação homem-máquina ainda está em seu estado inicial, o que causa problemas na experiência do usuário ao utilizar um serviço ou produto. Quem nunca se sentiu desprezado e maltratado ao interagir com uma interface automatizada de atendimento ao cliente? Se você já se sentiu assim, tenho certeza de que ficou tentado a deixar de usar o produto ou serviço em questão, certo?
Para corrigir esse problema de interação homem-máquina, o líder de design de personalidade de máquina deverá liderar uma equipe capaz de dar voz e caráter únicos a um serviço ou produto digital. Os robôs físicos, que irão interagir conosco em estacionamentos, bares e restaurantes, e até os robôs virtuais, que “moram” na internet, deverão possuir uma personalidade capaz de cativar e fidelizar clientes, além de refletir os valores da organização. Assim, esse profissional deverá possuir conhecimentos sobre sociologia, filosofia, design de processos e aprendizagem de máquina, além de trabalhar em conjunto com programadores, marqueteiros e designers, objetivando criar interfaces automatizadas que encantem os usuários.
De fato, o mundo mudou muito nos últimos 30 anos, graças principalmente à internet e a suas tecnologias subjacentes. A automação em massa por meio de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) irá extinguir diversas profissões, além de provocar sérias mudanças em outras. Felizmente, como apontam diversos especialistas, muitas outras profissões deverão surgir, o que nos faz pensar em como podemos nos preparar para as oportunidades do futuro. A formação continuada, a ênfase multidisciplinar, a inovação e a criatividade devem ser os pilares de uma educação profissional focada em formar os profissionais do futuro.
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 16/06/2019