fbpx

Como preparar os estudantes para profissões que ainda não existem?

Como preparar os estudantes para profissões que ainda não existem?

Os robôs não estão chegando, eles já são uma realidade. Esse é um alerta que muitos pensadores e especialistas em tecnologia pregam nos diversos canais de mídia há alguns anos. De fato, muitas profissões já foram ou serão substituídas, total ou parcialmente, por robôs físicos ou lógicos nos mais diversos setores da economia. Como destaca John Pugliano no livro “A chegada dos robôs” (editora Madras, 2017), profissões que envolvem tarefas simples e repetitivas, que podem ser traduzidas em um algoritmo e, posteriormente, executadas por um robô, tendem a desaparecer nos próximos anos. Assim, a lista de profissões que estão sob ameaça é muito grande. Felizmente, segundo Pugliano e muitos outros nomes importantes, muitas outras profissões deverão surgir para equilibrar a balança, preservando a relevância do ser humano no trabalho.

No início dos anos 2000, quem seria capaz de imaginar muitos dos profissionais que existem atualmente? Gestor de mídias sociais, cientista de dados, digital influencer e designer de experiência do usuário são apenas exemplos da lista das profissões imprevisíveis há 20 anos. Assim como no passado, diante dos constantes e rápidos avanços tecnológicos, é possível imaginar profissionais que podem surgir nos próximos anos, mas o grau de imprevisibilidade é muito grande. Logo, um dos grandes desafios que se apresentam na educação contemporânea é formar estudantes para profissões que ainda não existem.

As gerações mais jovens, principalmente nascidas no início do presente século, vivem em um momento em que a ciência e a tecnologia apresentam avanços cada vez mais rápidos. A 4ª Revolução Industrial, impulsionada pela internet e pela inteligência artificial (IA), está causando e ainda causará profundas mudanças sociais, comportamentais e econômicas que certamente irão ecoar durante muitos anos. Isso significa que as escolas devem promover profundas mudanças em seus currículos, incluindo temas que abordem conhecimentos avançados em tecnologia e seus mais diversos aspectos. Se não prepararmos nossos estudantes para as novas e inimagináveis profissões, o desafio de conseguir o primeiro emprego poderá se tonar ainda mais difícil, visto que é impossível competir com robôs em trabalhos essencialmente práticos.

Assim, faço as seguintes perguntas: as escolas ensinam lógica e programação de computadores para os alunos do ensino fundamental e médio? Nossos alunos possuem acesso a laboratórios e ferramentas de prototipagem para exercício da criatividade e inventividade científica e tecnológica? Os professores estão preparados para promover debates sobre questões éticas e sociais que envolvem as tecnologias, principalmente a IA? O sistema educacional atual incentiva a colaboração, o trabalho em equipe e o pensamento crítico sob o ponto de vista tecnológico? Privacidade, comportamento on-line e segurança da informação são abordados em sala de aula? Essas questões envolvem conhecimentos e habilidades que serão decisivos no futuro profissional de nossos estudantes.

De acordo com o estudo 21 more jobs of the future (As 21 profissões mais importantes do futuro – em tradução livre) realizado pela Cognizant, as profissões que podem surgir no futuro exigirão conhecimentos e habilidades geralmente ignorados no sistema educacional atual, tais como programação de computadores, domínio de conceitos de matemática e estatística, capacidade de concentração, criatividade, fluência em um idioma estrangeiro, comunicação, trabalho em equipe, resiliência, inteligência emocional, entre outros. Assim, considerando nosso presente e, principalmente, um futuro altamente tecnológico, fica claro que passou da hora de reavaliarmos nosso sistema educacional. A escola não pode formar uma legião de analfabetos despreparados tecnologicamente para um futuro dominado por máquinas. Nas próximas edições da coluna apresentarei algumas das profissões futuristas destacadas no estudo da Cognizant. Até lá!


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 19/05/2019

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!