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A importância social e cidadã dos aplicativos móveis.

A importância social e cidadã dos aplicativos móveis.

No final de 2013, as vendas de smartphonessuperaram, pela primeira vez no Brasil, o número de telefones celulares comuns. Desde então, um fenômeno chamado “appficação” tem tomado conta do mercado, fazendo com que surjam diversos tipos de aplicativos, desde os mais inusitados e desnecessários até os mais eficientes. A “appficação” (do inglês appfication) é um conceito que promove a substituição total ou parcial de serviços da web por aplicativos móveis, melhorando a experiência do usuário em relação ao serviço e estreitando laços de relacionamento. É mais fácil usar um aplicativo que usa os recursos do dispositivo móvel e, principalmente, torna a navegação e a utilização do serviço mais simples, do que usar um complexo aplicativo web. As vantagens da “appficação” são muitas, como redução de custos, maior agilidade na comunicação com o cliente, menos burocracias, entre outras.

No início da era móvel, os aplicativos eram criados para solucionar problemas corriqueiros, como integrar serviços web, enviar e receber e-mail, agenda eletrônica, listas de compras, entre outros. Depois, eles passaram a viabilizar negócios, como é o caso do Uber, Instagram e Nubank, por exemplo. Hoje, eles conectam pessoas e ideias, além de, em muitos casos, serem a base de pequenos negócios sustentáveis, promoverem causas sociais e a cidadania.

“No início da era móvel, os aplicativos eram criados para solucionar problemas corriqueiros. Hoje, eles viabilizam negócios e são usados como ferramentas para promover causas sociais e a cidadania”.

Um exemplo desses aplicativos “sociais” é o brasileiro Cataki, vencedor do prêmio internacional de inovação promovido pelo Netexplo (fevereiro/2018), um observatório que estuda os impactos sociais das Tecnologias da Informação. O objetivo do aplicativo é conectar os catadores de lixo reciclável independentes a empresas e pessoas físicas. Esses importantes agentes ambientais são, por muitas vezes, discriminados pela sociedade, que não reconhece a importância do seu serviço. Com o Cataki, eles serão vistos como prestadores de um serviço público essencial ao meio ambiente. O catador deve fazer um simples cadastro, informar o local onde atua e os materiais que coleta. Assim, as pessoas e empresas poderão entrar em contato com os trabalhadores e agendar o serviço. Segundo vários catadores, o aplicativo os tirou da “invisibilidade social”, aumentado a demanda por serviços, sua renda e sua autoestima.

Um outro aplicativo que chama a atenção é o HandTalk, um tradutor simultâneo da língua portuguesa para a linguagem brasileira de sinais (Libras). O usuário pode falar uma frase, digitar um texto ou tirar uma foto de um texto que o aplicativo traduz para Libras, por meio do personagem Hugo. Segundo Carlos Wanderlan, um dos desenvolvedores, os principais usuários são os familiares e amigos dos surdos e mudos. O aplicativo foi premiado pela ONU em 2012.

Já o Colab.Re é um aplicativo focado na interação entre cidadãos e o governo municipal, com o objetivo de promover melhorias, principalmente no que diz respeito à infraestrutura das cidades. Por exemplo, quando o cidadão vê um bueiro sem tampa, uma lixeira quebrada ou um semáforo inoperante, ele pode fotografar o problema e enviar uma pequena descrição pedindo a solução. A prefeitura conectada recebe a mensagem, a foto e a localização do problema, e pode responder ao usuário que está ciente dele. Se irão tomar providência, é outra história. Entretanto, o cidadão tem a possibilidade de exercer o seu papel e cobrar as autoridades competentes de maneira mais rápida, sem burocracia. No site oficial do aplicativo, é possível ver que várias prefeituras aderiram à plataforma.

Além desses, diversos outros aplicativos mostram que é possível usar a tecnologia para questões sociais e cidadãs, visto que os dispositivos móveis se tornaram parte de nosso cotidiano. É impossível viver sem eles, mas que tal ir além do óbvio? O sucesso de um aplicativo depende da mobilização dos envolvidos, principalmente do poder público. Afinal de contas, a tecnologia fornece apenas os meios, são as pessoas que devem agir.


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 08 de julho de 2018.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!