Tecnologia aplicada à agricultura: o que são as fazendas indoor?
Até 2050, a demanda mundial por alimentos aumentará cerca de 30%. Para que ela seja satisfatoriamente atendida, estima-se que a necessidade por solos férteis seja da ordem de 109 hectares. Assim, levando em consideração o cultivo tradicional, incapaz de atender a essa demanda, devemos ponderar o que já é realidade no Japão e nos EUA: as fazendas indoor. Trata-se de um conceito que une tecnologia à agricultura visando aumentar a produtividade por meio do cultivo de vegetais e hortaliças em ambientes fechados e totalmente controlados por sensores, câmeras e, principalmente, softwares de inteligência artificial.
De uma certa forma, alternativas desse tipo já existem e são pesquisadas e/ou utilizadas há anos, como o cultivo hidropônico (cultivo sem a utilização de solo), principalmente de hortaliças e de plantas ornamentais em estufas. Há também o conceito de cultivo aeropônico, que, assim como na hidroponia, não necessita de solo, porém, há uma otimização de espaço físico, visto que as hortaliças são dispostas em andares. Fazendas aeropônicas são convenientemente chamadas de fazendas verticais. As perspectivas para o futuro são de ajuste dessa técnica à produção de grãos.
Uma das vantagens desse sistema é que podemos ter produção o ano todo, independente do clima, sem solo, sem a utilização de agrotóxicos, com uma produtividade maior e menor consumo de água. Outra grande vantagem é que esses modelos de fazendas podem ser construídos em áreas urbanas, potencializando o fornecimento de alimentos com perspectivas de retorno econômico, social e ambiental, e como uma ferramenta alternativa para a manutenção da segurança alimentar e controle de preços. No entanto, há o aumento de energia, pois a luz solar é substituída por lâmpadas de LED controladas por softwares que processam dados de sensores e podem ajustar a luminosidade e a temperatura do ambiente.
“Uma das vantagens desse sistema é que podemos ter produção o ano todo, independente do clima, sem solo, sem a utilização de agrotóxicos, com uma produtividade maior e menor consumo de água”
O principal segredo das fazendas indoor está na tecnologia, tanto na parte funcional quanto no que está relacionado à evolução genética, encurtamento do ciclo produtivo, redução da emissão de CO2, economia de água e outros aspectos.
Uma das iniciativas que vem chamando a atenção é a Bowery Farming. A empresa, localizada em Nova Iorque- EUA, além de usar o conceito de cultivo aeropônico de hortaliças, desenvolveu uma completa solução de software que gerencia todas as etapas do cultivo. O sistema consegue captar grandes quantidades de dados de sensores e câmeras visando otimizar a produção e a economia de água. Segundo seu site oficial (boweryfarming.com), o sistema proporciona uma economia de 95% de água e uma produtividade 100 vezes maior se comparado com os meios tradicionais de cultivo, além de controlar a aplicação de nutrientes e avisar quando é o momento mais adequado para a colheita. Os dados captados são armazenados e processados segundo conceitos de inteligência artificial, criando assim uma base histórica e uma definição de padrões de cultivo que poderão ser compartilhados com outras fazendas no futuro.
Acreditamos que esses modelos produtivos em fazendas indoor terão um impacto positivo na produção e distribuição de alimentos em um futuro próximo, pois estamos diante de um quadro de crescente população urbana e consequente aumento da demanda, além do excesso de consumo de produtos industrializados. Não são a solução definitiva, porém devem ser considerados como alternativa ou complemento aos modelos convencionais de produção.
Esse texto foi escrito em parceria com a Profa. Dra. Glaucia Alvarez Tonin – Docente da Fatec Jales.
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 25 de março de 2018.
Fonte da imagem em destaque: https://inhabitat.com/philips-groundbreaking-new-growwise-indoor-farm-will-revolutionize-food-production/
