Flores para Algernon (Resenha)
O que aconteceria se após uma cirurgia todas as suas limitações intelectuais desaparecessem? O que você faria? Como o mundo passaria a te enxergar? Que tipo de pessoas você atrairia? Esse é o pano de fundo da obra Flores para Algernon, de Daniel Keyes (Editora Aleph, 2018), que explora os impactos que milagres improváveis poderiam causar na vida das pessoas, além do papel de cada um na sociedade.
O protagonista é Charlie Gordon, um homem com uma deficiência intelectual extremamente acentuada. Ele é selecionado para ser o primeiro ser humano a ser submetido a uma revolucionária cirurgia que promete aumentar a capacidade cognitiva.
O resultado da cirurgia ultrapassa as expectativas dos médicos e cientistas, fazendo com que Charlie tenha novas percepções da realidade, levantando questões sobre o mundo físico, a metafísica e, principalmente, sobre seu papel na sociedade e sua relação com outros seres humanos.
No início a leitura é um tanto complicada, pois, com o intuito de trazer uma experiência imersiva, o autor deixa claro a deficiência intelectual de Charlie. Ele o faz por por meio de uma narrativa em primeira pessoa que apresenta muitos erros ortográficos e gramaticais. Entretanto, após a cirurgia, os erros vão diminuindo até que o Charlie consegue se expressar de maneira escrita corretamente.
Também é possível perceber que os pensamentos de Charlie vão ficando mais complexos e profundos a medida que o tempo passa.
Um outro aspecto que chama a atenção na obra é como a relação de Charlie com o mundo muda após a cirurgia. A forma como as pessoas percebem ele e, principalmente, como ele percebe as pessoas, suscita uma série de pensamentos no leitor.
No final, temos aquele plot-twist que comove e, ao mesmo tempo, decepciona, mostrando que a realidade sempre se impõe.
É Uma obra de ficção digna de uma adaptação para o cinema. Recomendo!