O que é upskilling, reskilling e lifelong learning?
Crise, desemprego e um futuro cheio de incertezas. Esse cenário sempre foi uma constante em nosso país, porém, com a Covid-19, a situação ficou ainda mais séria. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), até maio a pandemia destruiu cerca de 7,8 milhões de postos de trabalho, elevando a taxa de desemprego para 12,7%. Para muitos especialistas, o Brasil já passa por uma depressão econômica, ou seja, um declínio acentuado da produção, causando queda dos lucros, desemprego e consequente diminuição do poder aquisitivo da população.
Nesse contexto, a preocupação em torno do trabalho tem feito com que muitos profissionais, empregados e desempregados, adotem práticas como upskilling, reskilling e lifelong learning, a fim de sobreviver profissionalmente nos médio e longo prazos. De fato, esses três termos têm conquistado a atenção no mercado de trabalho, mas o que são realmente?
O termo upskilling é a junção de duas palavras em inglês: up – cima, e skill – habilidade. Assim, a tradução livre pode ser algo como aprimoramento. Trata-se de aproveitar as competências e habilidades que o profissional já possui, com o objetivo de buscar o seu desenvolvimento para novos cargos ou níveis dentro de um campo de atuação. Trata-se de uma “verticalização” ou aprofundamento em uma área em que o profissional já atua.
Por exemplo, se um profissional é desenvolvedor de sistemas, ele pode aproveitar seu conhecimento em lógica e linguagens de programação para aprender ciência de dados. Assim, ele poderá desenvolver sistemas capazes de analisar dados não estruturados que suportam a tomada de decisões. Considerando a urgência do upskilling e suas vantagens competitivas, muitas organizações já estão adotando um Chief Learning Officer (CLO), ou líder de aprendizagem, que é o profissional que determina estratégias para que os colaboradores aprendam novas competências e habilidades.
“Lifelong learning é uma filosofia de vida, que envolve aprendizagem constante e automotivado”
Por sua vez, o termo reskilling possui o sufixo “re” que indica “começar novamente”. Assim, pode ser traduzido como “requalificação”, ou seja, aprender uma nova habilidade objetivando maior versatilidade dentro do seu campo de atuação, ao mesmo tempo em que vislumbra um horizonte profissional alternativo, ou seja, uma “horizontalização”. Por exemplo, um contador pode aprender a programar computadores, o que o prepararia para desenvolver sistemas que automatizam e gerenciam processos contábeis de uma organização. O reskilling é usado não apenas por profissionais, mas por empresas que buscam flexibilizar seu quadro de colaboradores, sendo possível deslocar um profissional para outro setor, área ou projeto em que ele poderia ser mais bem aproveitado, segundo suas competências e habilidades.
Finalmente, o termo lifelong learning, que pode ser traduzido como “aprendizagem contínua”, diz respeito ao aprendizado automotivado, ou seja, o profissional que busca continuamente novos conhecimentos e habilidades, dentro e fora do seu campo de atuação. Um profissional que adota o lifelong learning em sua rotina é mais bem-preparado para enfrentar desafios, inclusive o desemprego, pois ele pratica constantemente o upskilling e o reskilling.
De fato, as constantes e cada vez mais intensas mudanças nessa “sociedade da informação” têm mudado comportamentos, hábitos e culturas. Foi-se o tempo em que um curso superior ou técnico eram garantias de emprego, pois a cada dia novas competências e habilidades são exigidas em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Não dá para voltar para a faculdade ou curso técnico sempre que surgir uma nova demanda profissional, assim, o lifelong learning, que envolve upskilling e reskilling, deve ser um meio de vida que todos os profissionais do século XXI devem adotar.
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 12/07/2020