Recursão (Resenha)
Após o clássico Matéria Escura, Blake Crouch nos apresenta Recursão (Intrínseca, 2020), uma obra de ficção criativa, dotada de uma narrativa intensa e que envolve muitas questões éticas, morais e existenciais.
Na Ciência da Computação, recursão (ou recursividade) é um conceito que define um algoritmo (conjunto de instruções sequenciais) capaz de invocar a si mesmo. Isso significa que uma vez iniciado, o algoritmo entrará num estado de loop (repetição) em que depende dos resultados gerados por ele mesmo, sendo interrompido até que uma condição específica seja satisfeita.
Mas, o que isso tem a ver com o livro além do título!? Vejamos!
A história inicia com Barry Sutton, um policial que sofre pela morte precoce da filha e pelo fim do seu casamento, sendo chamado para atender a ocorrência de uma tentativa de suicídio. Ao chegar no local, Barry descobre que a mulher que quer se matar sofre da Síndrome da Falsa Memória, uma misteriosa doença que faz com que a pessoa se lembre de memórias que nunca aconteceram.
Enquanto isso, a neurocientista Helena Smith segue com o seu projeto de vida, que consiste em criar uma cura para o Alzheimer, doença que afeta sua amada mãe. Com o orçamento apertado, Helena recebe uma inesperada proposta de financiamento de um dos homens mais ricos do mundo.
Pensando ser uma chance de acelerar o processo do descobrimento da cura, Helena aceita a proposta. Após vários anos de pesquisa, a tecnologia desenvolvida é mais poderosa e perigosa do que parece, sendo capaz de destruir a própria realidade.
Assim, Helena e Barry, que se encontram de uma maneira um tanto inusitada, terão que unir forças, carregando o destino da humanidade num intrincado plano que envolve viagens no tempo de uma maneira nada convencional, segundo o conceito de recursividade apresentado no início deste texto.
Sim, é mais um livro sobre viagem no tempo! Não, não é mais um clichê! De maneira surpreendente, o autor consegue nos entregar um complexo e cativante thriller de ficção que nos surpreende a cada página.
Confesso que tive a mesma sensação de quando eu li O Fim da Eternidade, do gênio Isaac Asimov. De fato, o estilo de escrita de Crouch facilita a compreensão, as ilações e nos ajuda a fazer uma série de inferências e analogias com diversos temas da atualidade.
Essa obra, além de divertida, consolida Blake Crouch como um dos mais proeminentes escritores de ficção científica da atualidade. Recomendo!