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4 coisas que mudarão definitivamente após a pandemia

4 coisas que mudarão definitivamente após a pandemia

A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) intensificou a vida digital de todos os usuários da internet. De fato, muitos profissionais e organizações tiveram que promover uma série de ações de adaptação após os decretos governamentais de quarentena.

Essas ações consistiram basicamente em viabilizar ambientes digitais de negócios, ensino/aprendizagem e colaboração, além de adequações sob demanda de processos e modelos de negócio.

Assim, todos os projetos previstos para inicar a médio e longo prazos, que previam a adoção de diversos tipos de tecnologias, bem como formação e capacitação profissional no âmbito tecnológico, foram drasticamente adiantados pela crise do novo coronavírus.

Frente ao exposto, apresentamos sobre 4 coisas que irão mudar definitivamente após a pandemia da COVID-19.

Educação

Muitas instituições educacionais deverão adotar o ensino híbrido, ou seja, presencial e remoto.

Professores e alunos estão descobrinho ferramentas que, além de viabilizar um ambiente virtual de ensino-aprendizagem, promovem a autonomia do aluno, principalmente porque incentivam o uso das metodologias ativas de aprendizagem

Claro, nada supera a experiência da sala de aula, afinal de contas, somos seres relacionais. Entretanto, acredito que muitas instituições de ensino, sejam públicas ou privadas, deverão rever seus processos e suas metodologias, que deverão contemplar mesmo que parcialmente o ensino a distância (EaD).

Isso é bom para a instituição de ensino que poderá reduzir drasticamente custos de infraestrutura e recursos humanos, ao mesmo tempo que se torna mais acessível. Para o aluno, a vantagem é acessar ensino de qualidade de onde ele estiver. Claro, serão necessários grandes investimentos em infraestrutura de tecnologia e capacitação discente e docente.

Assim, acredito que estamos passando por uma mudança cultural no que diz respeito a eduçação apoiada por tecnologias, algo que já é comum nos países de primeiro mundo.

Trabalho

O teletrabalho devereá ser o novo “normal” para diversas organizações e profissionais.

Muitas empresas estão descobrindo que com muito trabalho é possível manter a competitividade e a qualidade dos seus produtos e serviços por meio do teletrabalho. Da mesma forma, profissionais estão se redescobrindo no trabalho remoto.

Para a organização, o teletrabalho significa principalmente redução de custos, visto que não é necessário grandes espaços equipados com grandes infraestruturas tecnológicas. Ademais, as reuniões podem ser viabilizadas via teleconferência, reduzindo custos com passagens de aviões, hotéis e alimentação.

Para os colaboradores, o fato de não precisarem se deslocar até o local de trabalho garantem economia de tempo e de dinheiro. O tempo de sobra pode ser aplicado em cursos e capacitações online, além de passar mais tempo com a família. Enquanto o dinheiro economizado pode ser investido.

De fato, empregadores e empregados têm muito a ganhar com o teletrabalho. Assim, as estruturas rígidas de trabalho, sejam elas físicas ou abstratas, concernentes a modelos e processos de negócios ou regras e leis trabalhistas devem ser revistas após a pandemia.

Medicina

A regulamentação da telemedicina deverá ser uma das prinipais pautas na área da saúde.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), na resolução CFM nº 1.643/2002 (restabelecida pela resolução 2.228/2019), artigo 1º, telemedicina é o “exercício da Medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em saúde”.

Mesmo havendo uma resolução do CFM, a telemedicina não estava devidamente regulamentada. Assim, atendimentos on-line eram permitidos experimentalmente em apenas alguns hospitais, até a escalada dos casos de COVID-19 e a consequente necessidade de redução do fluxo de pessoas em postos de saúde e prontos-socorros.

Nesse contexto, vários centros de atendimentos que já ofereciam esse tipo de serviço sem a anuência do CFM relatam que tiveram uma expressiva alta nos atendimentos on-line. No Hospital Albert Einstein, por exemplo, o número de teleconsultas realizadas diariamente passou de 80 para 600. Planos de saúde que usam a plataforma do referido hospital também relatam que a demanda por teleconsulta cresce a cada dia, sendo necessário um olhar mais cuidadoso no que diz respeito à regulamentação da prática e formação de profissionais especializados.

Assim, acredito que após a pandemia, as autoridades devem discutir a telemedicina no Brasil, pois a regulamentação e investimentos que a viabilizem podem transformar a saúde no país, trazendo mais acessibilidade a serviços médicos de qualidade para todos, principalmente para a população mais carente.

Ademais, uma série de novas tecnologias de prevenção, consulta e diagnóstico, devem surgir com a abertura de um novo nicho de mercado. Tais tecnologias disruptivas serão apoiadas pela Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT).

Indústria

A automação em massa da indústria deverá extinguir uma série de profissões, gerando milhões de desempregados.

A indústria sempre foi considerado um excelente termômetro para monitorar e compreender as crises globais. Nessa pandemia não é diferente, pois a redução da demanda de produtos tem impactado várias cadeias produtivas em diversos setores.

Ademais, a interrupção e demora na entrega de produtos, seja no âmbito B2B (Business to Business) ou B2C (Business to Consumer), tem levantado questões sobre a produção e a distribuição de insumos e produtos.

Manter fábricas centralizadas do outro lado do planeta tem a vantagem de reduzir custos devido à mão-de-obra barata. Entretanto, essa prática se mostrou não ser resistente a crises, considerando um mercado global. Atrasos e interrupções geram uma série de problemas em toda a cadeia d eprodução.

Nesse sentido, a Indústria 4.0, caracterizada por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico, deverá crescer exponencialmente, visto que será possível substituir totalmente a mão-de-obra humana em diversos setores (automação em massa por robótica, IA e IoT).

Isso possibilitará fabricar produtos com mais qualidade e velocidade, além de permitir a repatriação das linhas de produção e, consequentemente, a melhoria nos processos de logística.

No Brasil, o fortalecimento dos modais de tranporte ferroviário e hidroviário deverão ganhar grandes investimentos com o objetivo de escoar com mais rapidez e eficiência a produção industrial.

O gigantesco índice de desemprego que a automação em massa deverá gerar é algo que os governantes terão que lidar em breve.

Conclusão

Em um mundo extremamente globalizado e tecnológico, a facilidade de circulação de bens, serviços e pessoas permitiu que mesmo as classes de baixa renda tivessem acesso a coisas outrora disponíveis apenas às classes mais privilegiadas.

Entretanto, em meio às vantagens advindas da globalização, surgem problemas globais, como a pandemia que estamos vivendo, causada por um vírus que se espalhou rapidamente pelo mundo.

Nesse contexto, a adoção massiva de tecnologias da informação e comunicação (TIC), consolidadas ou emergentes, deverá definir um futuro ainda mais digital.

As mudanças que a tual crise está provocando nos contextos social, econômico e tecnológico, deverão ser permanentes em muitos aspectos, além de iniciar profundas discussões éticas e legais.

O futuro está acontecendo diante dos nossos olhos.


A principal inspiração deste texto é o post de Mark Sullivan no site Fast Company (em inglês), publicado em 20/04/2020. Recomendo a leitura!

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!