Vida digital intensa? Cuidado!
A crise causada pelo novo coronavírus tem causado diversas mudanças culturais e comportamentais. Nesse contexto, é natural que passemos mais tempo no ciberespaço, aproveitando tudo o que a internet nos oferece. Assim, mesmo que de forma involuntária, fomos obrigados a intensificar nossa vida digital. Seja por meio das redes sociais, aplicativos de mensagens, serviços de streaming de áudio e vídeo, notícias ou de outros recursos, estamos consumindo muito mais informação do que em dias “normais”.
De fato, essa intensificação da vida digital apresenta uma série de vantagens, visto que muitas pessoas se redescobrindo ao adaptarem suas rotinas para uma realidade de teletrabalho e telecomunicações. Ademais, muitos profissionais estão usando a quarentena para sair de sua zona de conforto, fazendo cursos on-line, aprendendo como utilizar tecnologias de informação e comunicação e, é claro, colocar em dia séries, filmes e livros atrasados. Entretanto, esse aumento do tempo de internet não traz apenas vantagens, visto que os criminosos, sejam eles virtuais ou não, enxergam isso como oportunidade.
“A intensificação da vida digital apresenta uma série de vantagens, visto que muitas pessoas se redescobrindo ao adaptarem suas rotinas para uma realidade de teletrabalho e telecomunicações”
De acordo com a Kaspersky Lab, empresa especializada em segurança digital, em março de 2020 houve um aumento de 124% nos casos de phishing. Nesse tipo de golpe virtual, a vítima recebe uma mensagem eletrônica supostamente de um banco, empresa ou site popular. Essa mensagem normalmente contém links para páginas falsas que pedem à vítima a realização de um suposto recadastramento, inserindo dados pessoais que podem incluir senhas, número de cartão de crédito, CPF, entre outros.
Esses dados são enviados diretamente ao criminoso que pode aplicar outros golpes e obter vantagens financeiras. Há casos em que o usuário não fornece nenhum de seus dados pessoais, mas acaba baixando e instalando aplicativos maliciosos capazes de roubar seus dados pessoais. Quando o governo federal anunciou o auxílio emergencial de R$600,00, muitas foram as tentativas de phishing usando narrativas extremamente convincentes, incluindo fake news, para que as vítimas clicassem em links maliciosos e instalassem aplicativos espiões.
Além de problemas relacionados aos próprios usuários, o aumento exponencial de tecnologias voltadas ao teletrabalho, principalmente reuniões e eventos on-line, está causando problemas em diversos serviços, como sobrecarga da rede, lentidão, travamentos e questões de segurança e privacidade.
“Os criminosos enxergam o aumento do tempo que as pessoas passam na internet como uma grande oportunidade”
Recentemente diversas organizações públicas e privadas em todo o mundo proibiram o uso do aplicativo Zoom Meetings, após descobrirem que o aplicativo para iPhone estava enviando dados para o Facebook sem a permissão do usuário. Logo depois, foi descoberta uma série de outros problemas, como falhas que permitem roubar senhas e assumir o controle do microfone ou da câmera dos usuários. Já foram relatados diversos casos de criminosos que sequestraram reuniões compartilhando imagens pornográficas e gritando mensagens de ódio e discriminação racial e sexual. Eric Yuan, CEO da Zoom, disse que o crescimento exponencial do uso da plataforma diante das medidas de restrição social adotadas pelo mundo pegou-os de surpresa. Assim, estão trabalhando intensivamente para resolver os problemas detectados, além de melhorar a experiência do usuário.
Sabemos que os cibercriminosos têm alto poder de criatividade e adaptação, principalmente quando há grandes gatilhos geradores de oportunidades e conteúdos, como é o caso da atual crise. Assim, é importante nos mantermos informados sobre questões de segurança e privacidade, considerando principalmente as tecnologias adotadas em nossa rotina.
Ademais, não devemos instalar aplicativos desnecessários, clicar em links cuja origem desconhecemos, compartilhar mensagens com notícias chocantes sobre o coronavírus sem checar as fontes e, também, não devemos compartilhar senhas nem dados pessoais ou financeiros via aplicativos de mensagens. Em tempos de quarentena, há que considerar nossa sua saúde física, emocional e digital. Sempre!
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 12/04/2020
