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Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais (Resenha)

Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais (Resenha)

Certa vez, James H. Clark, um dos nomes mais importantes do empreendedorismo do Vale do Silício disse que “Se tem muita gente usando algo, descobrir como ganhar dinheiro com isso é questão de tempo…”. Assim, aproveitando o aglomerado multicultural e globalizado que só o ciberespaço é capaz de criar, as redes sociais alcançaram o posto de maior fenômeno da comunicação e do marketing do século XXI.

Inicialmente o intuito era “apenas” vender propaganda, porém, conforme mais pessoas e dados entravam na rede, descobriu-se que ela seria capaz de não apenas analisar e compreender os seus usuários, mas influenciá-los de diversas maneiras, considerando aspectos consumistas e políticos. De fato, com a desculpa de manter a gratuidade dos serviços e melhorar a experiência dos usuários, as redes sociais coletam uma enorme quantidade de dados que são utilizados para fins que podem ir além das aspirações capitalistas.

Nesse sentido, Jaron Lanier, músico, cientista da computação e um dos pioneiros da Realidade Virtual, percebeu que quando se trata do modelo de negócio das redes sociais, as coisas podem adquirir um tom obscurantista. Na obra Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais (Intrínseca, 2018), o autor afirma que estamos pagando caro, com nossa liberdade, por um serviço aparentemente gratuito.

Nesse contexto, o primeiro argumento defendido por Lanier diz que, a partir do momento em que marcamos forte presença nas redes sociais, estamos abrindo mão da nossa liberdade de escolha, da nossa individualidade e do nosso livre arbítrio. Isso por que fornecemos dados a rede, sendo a todo momento influenciados por algoritmos sem consciência, capazes de nos tornar previsíveis e alienados, objetivando ganhar dinheiro ao manipular nosso comportamento.

“…como permanecer independente em um mundo onde você está sob vigilância contínua e é constantemente estimulado por algoritmos operados por algumas das corporações mais ricas da história, cuja única forma de ganhar dinheiro é manipulando o seu comportamento?”

Jaron Lanier

Durante a defesa do segundo argumento, Lanier postulou o termo BUMMER (Behaviors of User Modified and Made into an Empire for Rent), que em tradução livre pode ser “Comportamentos modificados de usuários e transformados em um império para alugar”. De acordo com o autor, a máquina BUMMER possui seis partes:

  • Aquisição de atenção que resulta na supremacia do babaca;
  • Meter o bedelho na vida de todo mundo;
  • Comprimir conteúdo goela abaixo das pessoas;
  • Direcionar o comportamento das pessoas de maneira mais sorrateira possível;
  • Embolsar dinheiro ao deixar que os maiores babacas ferrem secretamente todas as outras pessoas;
  • Multidões falsas e sociedade falsificadora.

Além desses argumentos, o autor afirma que as redes sociais estimulam emoções negativas, distorcem os fatos, relativizam a verdade, entre outras mazelas. Ademais, Lanier afirma que evita as redes sociais da mesma maneira que evita as drogas, fazendo um interessante paralelo entre dois temas aparentemente antagônicos.

Assim, considerando o fenômeno das redes sociais e todos os seus aspectos subjacentes, sejam eles positivos ou negativos, essa obra é imprescindível a todos os públicos, sendo necessária nas escolas e nas faculdades, principalmente nos cursos de humanas. O autor usa uma linguagem simples, clara e objetiva, expondo seus argumentos de maneira lógica sem usar termos técnicos, tornando o conteúdo acessível a todos os públicos.

Claro, como o título sugere, o foco do livro é o lado negativo das redes sociais, algo que muitos de nós sequer percebemos. Recomendo!

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!