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As características da informação valiosa

As características da informação valiosa

Como pai, professor e profissional de tecnologia, sempre me questionei sobre o que faz uma informação ser realmente valiosa. Digo isso porque vivemos em uma “sociedade da informação”, conectados 24 horas e lidamos a todo momento com uma torrente de conteúdo informacional nos mais diversos formatos.

Pesquise em qualquer dicionário e veja que a definição de informação será mais ou menos assim: “uma coleção de dados (fatos brutos) processados e/ou organizados de tal modo que possuem significado e valor adicional, sendo capaz de influenciar nossa tomada de decisão”. Isso significa que a informação tem uma ou mais origens, além de ser processada e organizada segundo os mais diversos métodos e de acordo com os mais diversos contextos. Sim, uma mesma quantidade de dados pode se transformar em diferentes tipos de informação objetivando agradar “destros”, “canhotos” e “isentões”, se é que você me entende.

De fato, apesar de ser obtida e processada segundo conceitos científicos e tecnológicos, em sua última camada, a apresentação, a informação está, infelizmente, sujeita a descaracterizações. E gente desonesta é o que não falta nesse pedaço de rocha voadora que chamamos de Terra, não é verdade? Assim, é necessário entender que uma informação é valiosa e merecedora de crédito quando ela apresenta algumas características. No meio corporativo, essas são imprescindíveis para os tomadores de decisões e, no contexto geral, também podem e devem ser consideradas.  Sabe aquelas notícias “bombásticas” do grupo do WhatsApp? Então, antes de acreditar, dar valor e compartilhar, verifique se elas apresentam oito características descritas a seguir.

“De fato, apesar de ser obtida e processada segundo conceitos científicos e tecnológicos, em sua última camada, a apresentação, a informação está, infelizmente, sujeita a descaracterizações”

A primeira delas é a acessibilidade. Isso significa que a informação deve ser facilmente acessível a todos os interessados. Claro, quando falamos em meios corporativos, há questões de permissões e políticas de acesso. Entretanto, quando nos referimos a algo de interesse público, ela deve ser totalmente acessível e transparente.  

Outra característica é a precisão. Isso significa que a notícia dever ser livre de erros, tendo sua origem em dados precisos. É importante enfatizar que dados imprecisos geram informações imprecisas. Você quis dizer “pesquisas eleitorais”?

Outro aspecto relevante diz respeito à economia. A informação deve ser econômica em todos os aspectos, ou seja, na produção, disseminação e manutenção. Claro, nem sempre isso é possível, ficando a cargo dos tomadores de decisão fazer análises de custo-benefício.

A completude é a quarta característica. Uma informação é completa quando ela contém todos os fatos relevantes, livre de opiniões de terceiros e viés ideológico. Complicado isso atualmente, não?

A quinta característica é a relevância. Uma informação é considerada relevante se de alguma maneira ela pode confrontar ou mudar suas crenças. Não, não estou falando de teorias da conspiração, como a “Terra plana”. Pense!

O sexto item dessa lista é a confiabilidade. Uma informação é confiável quando ela é emitida por órgãos oficiais. Entretanto, lembre-se de que, na apresentação, a informação pode sofrer adequações segundo crenças e vieses. Pessoas e órgãos influentes e com histórico de confiabilidade também podem emitir informações confiáveis, o que nos leva para a sétima característica: verificabilidade. É possível confirmar as informações em diferentes fontes? Se não, desconfie.

A oitava e última característica é a atualização. Lembre-se de que uma das estratégias mais usadas para disseminar notícias falsas e desinformação (fake news) é a utilização de notícias fora de contexto e, principalmente, desatualizadas. Conhecer as condições climáticas de seis meses atrás não irá ajudá-lo a decidir a roupa que usará amanhã. De certa forma, a mesma lógica se aplica a diversos contextos informacionais, ou não. Pense!

Enfim, em uma sociedade que consome informações demasiadamente e sem determinados filtros, não é de se estranhar essa crescente aversão pela ciência, pela educação, pelo conhecimento e pela tolerância. Acredito que, em certo grau, isso tem relação com o tipo de informação que consumimos diariamente. Pense nisso!


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 18/08/2019 .

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!