Vale a pena comprar um leitor de livros digitais?
O hábito de leitura está cada vez menos presente em nossas ocupadíssimas vidas modernas. Além dos fatores históricos e culturais do nosso país, há uma torrente de conteúdos gratuitos em vídeo, acessíveis gratuitamente por meio de plataformas como o Youtube. Isso faz com que a leitura de livro e revistas se torne a última opção em termos de aquisição de conhecimento e informação, principalmente para os mais jovens. Entretanto, segundo alertam diversos especialistas, o hábito de leitura deve ser incentivado, não apenas porque contribui para a formação intelectual do indivíduo, mas porque estimula áreas do cérebro ligadas à memória, à criatividade e à inovação. Ademais, a leitura é um importante agente para o desenvolvimento da concentração, uma característica indispensável para profissionais que trabalham com o conhecimento.
Felizmente, assim como o rádio e a TV, o livro acompanhou a revolução tecnológica. Com o surgimento de diversos formatos de documentos digitais, tornou-se possível o compartilhamento de documentos completos pela grande rede. Entretanto, ler um livro ou um artigo científico nas telas dos computadores, tablets ou smartphones não é uma experiência agradável, principalmente devido à fadiga ocular, popularmente conhecida como vista cansada. Assim, surgiram os leitores digitais (e-readers), que são dispositivos específicos para a leitura. Como um leitor assíduo e amante de livros físicos, confesso que a ideia de adquirir um leitor digital não me passava pela cabeça, até eu não ter mais espaço para guardar minha coleção de livros e quadrinhos.
“Uma das principais vantagens de um leitor digital é a economia, não só de espaço físico, mas também financeira. Em um dispositivo, é possível armazenar milhares de exemplares…”
Uma das principais vantagens de um leitor digital é a economia, não só de espaço físico, mas também financeira. Em um dispositivo, é possível armazenar milhares de exemplares, inclusive em nuvem, pelo recurso da sincronização. Outra vantagem a ser considerada é que, mesmo sendo possível encontrar exemplares físicos e digitais na mesma faixa de preço, com o passar do tempo estes tendem a ficar mais baratos que aqueles. Em alguns casos, a diferença hoje já passa dos 50%. Ademais, diversos fabricantes de dispositivos disponibilizam diversos títulos gratuitamente. Hoje tenho um considerável e crescente acervo digital, incluindo livros didáticos e de não ficção.
Outra característica notável é que, como o dispositivo foi concebido pensando no hábito de leitura, ele não permite a instalação de aplicativos que podem gerar notificações infinitas, que atrapalham a concentração do leitor. Em vez disso, ele possui acesso a diversas ferramentas de apoio à leitura, tais como tradutores, dicionários e marcadores, tudo ao alcance de um toque. Ademais, a mobilidade é um fator extremamente desejável, já que podemos carregar uma biblioteca inteira pesando apenas 260g e usar uma bateria que dura semanas, o que torna esses dispositivos próprios para longas viagens.
Outra questão que contribui para a leitura é falta de emissão de luz pela tela do leitor, visto que usa uma tecnologia chamada eletronic paper (papel eletrônico) ou eletronic ink (tinta eletrônica), que imita um papel de verdade, ou seja, não há emissão de luz, apenas a reflexão, evitando a fadiga ocular. Para não comprometer a leitura em locais com pouca ou nenhuma luminosidade, os atuais leitores digitais possuem versões com um sistema de lâmpadas de LED, que iluminam diretamente a tela do dispositivo e não o rosto do usuário. Enfim, após cerca de 2 anos no mundo dos leitores digitais, estou surpreso e satisfeito com o meu dispositivo Amazon Kindle. Apesar de ter um considerável e crescente acervo digital, confesso que há exemplares que não abro mão de adquirir fisicamente, principalmente quando falamos de obras do universo pop/nerd. Mesmo assim, recomendo os leitores digitais a todos os amantes da leitura.
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 28/04/2019.