Os dados são o novo petróleo
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deixou clara a importância estratégica do petróleo e dos seus derivados. Durante esse período, foram utilizados diversos veículos para fins militares, inclusive o primeiro submarino movido a diesel e os aviões que surgiram como uma nova e eficiente arma de guerra. Ademais, a indústria automobilística também começava a ganhar força devido à popularidade dos modelos produzidos pelas americanas Ford e Dodge, duas das maiores fabricantes de veículos da época. Esses e outros fatores fizeram com que o petróleo se tornasse assunto de interesse nacional, não apenas pelos EUA, mas por todos os países que tivessem potencial para desenvolver tecnologias para extrair e refinar esse recurso natural.
Passado um século após o fim da Primeira Guerra Mundial, o mundo não é mais “analógico”. Claro, o petróleo ainda possui uma importância muito grande, visto que ainda motiva guerras e crises por todo o planeta. Entretanto, diante dos constantes avanços tecnológicos, o mundo tornou-se “digital” e conectado, graças ao fenômeno da internet e de sua principal rede, a web. A grande quantidade de pessoas conectadas à grande rede todos os dias fez com que os dados gerados por elas se tornassem o principal combustível da indústria do século XXI. Segundo o SAS Institute, empresa de consultoria em ciência de dados, o volume de dados digitais gerados no mundo deverá superar 40 trilhões de gigabytes até 2020. Esses dados incluem interesses, comportamentos e tendências, todos extraídos dos usuários da grande rede.
“Os dados são capazes de dizer coisas valiosas, mas é necessário estar diposto a ouví-los”
Tal qual o petróleo quando é extraído, os dados digitais “brutos” não possuem aplicação ou significado aparente. Entretanto, após serem refinados, ou seja, processados por computadores que utilizam algoritmos que implementam tecnologias de analytics (inteligência analítica), os dados são transformados em informações úteis aos mais diversos contextos. Essas informações incluem insights sobre novos mercados, produtos, serviços, modelos de negócio, processos e outros elementos importantes às organizações do presente século.
De acordo com o vice-presidente executivo do SAS Institute, Randy Guard, passou da hora de os executivos abandonarem suas intuições e se apoiarem nas tecnologias de analytics para tomar as decisões. De fato, em um cenário altamente competitivo, tecnológico e em constante mudança, apoiar-se apenas na intuição e na expertise dos executivos pode significar perda de competitividade e até mesmo falência. Cassio Pantaleoni, presidente do SAS Brasil, destaca que “…com um universo tão grande de dados disponíveis hoje, basear a tomada de decisão única e exclusivamente na intuição é arriscado”. Portanto, é necessário que as empresas utilizem sistematicamente tecnologias de analytics em todos os níveis da organização, seja operacional, tático ou estratégico.
Diante desse cenário, as organizações precisam urgentemente desenvolver uma “cultura de dados” (decisões baseadas em fatos e não em intuições), modificando sua estrutura organizacional e os seus modelos de negócio e processos. É necessário criar meios para a inclusão dos dados com o objetivo de tornar seu negócio mais rentável e competitivo. Essa “transformação digital” é um grande desafio, pois deve envolver e integrar pessoas e tecnologias de todos os níveis da organização. É necessário ouvir o que os dados estão dizendo e, para isso, é necessário estar disposto a assumir riscos e adotar processos e tecnologias que podem significar uma mudança radical dentro da organização.
De fato, como muitos especialistas já afirmaram, os dados são o novo petróleo. Quem estiver disposto a extrai-lo, refiná-lo e tomar decisões baseadas em seus derivados garantirá sua competitividade e sua sobrevivência no futuro.
Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 18/11/2018.