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Os robôs colaborativos e o futuro do trabalho

Os robôs colaborativos e o futuro do trabalho

Não é de hoje que as máquinas, inteligentes ou não, substituem total ou parcialmente o trabalho manual na indústria e em outros setores. A substituição da mão de obra humana por sistemas de automação e, principalmente, por robôs inteligentes é um dos assuntos mais debatidos por diversos especialistas. De fato, tal substituição é um caminho sem volta, principalmente para os trabalhadores que executam tarefas repetitivas que podem ser facilmente traduzidas em um programa de computador e/ou realizadas por uma máquina. Em um outro momento, de acordo com muitos estudiosos, até as tarefas mais complexas que exigem criatividade e improvisação serão substituídas por alguma inteligência artificial. Entretanto, a automação em massa envolve questões complexas que vão além do escopo tecnológico, visto que as transformações econômicas e sociais no médio e longo prazo são, em grande parte, imprevisíveis e até preocupantes.

Diante desse contexto, os Cobots (do inglês Collaborative Robots– Robôs Colaborativos) chegam à indústria com o objetivo de extrair o que há de melhor de homens e máquinas e, principalmente, da interação entre esses dois agentes produtivos. Os Cobots são desenvolvidos com o objetivo de interagir diretamente com o os seres humanos dentro de uma área de trabalho colaborativa segura e muito bem definida. Esses “robôs assistentes” normalmente executam tarefas repetitivas e/ou pesadas, fazendo com que o agente humano se concentre em tarefas mais complexas que exijam a criatividade, a comunicação e o improviso.

Existem diferenças fundamentais entre os Cobots e os tradicionais robôs industriais. Por exemplo, um robô industrial dificilmente é removido, possui movimentos rápidos e normalmente opera em ambientes extremos e inseguros, além de ser mais caro e mais complexo em termos de programação e manutenção. Totalmente o contrário dos Cobots, que são mais baratos, mais simples, mais seguros e, principalmente, interativos.

“Os Cobots (do inglês Collaborative Robots – Robôs Colaborativos) chegam à indústria com o objetivo de extrair o que há de melhor de homens e máquinas e, principalmente, da interação entre esses dois agentes produtivos”

Na Creating Revolutions, uma startup voltada à criação de dispositivos de comunicação para hotéis e restaurantes, um Cobot apelidado carinhosamente de Manuel Noriega é o responsável pela montagem de minúsculos componentes eletrônicos. Além de ser capaz de trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana, o robô colaborativo reduziu a quase zero a taxa de rejeição dos dispositivos, que antes da sua “contratação” apresentava números superiores a 10%.

Além da óbvia transformação que os Cobots estão promovendo na indústria e no trabalho, os profissionais de tecnologia também são cada vez mais exigidos, visto que a programação desses agentes robóticos inteligentes é mais complexa que de sistemas convencionais. A criação de um Cobot passa pelo conceito de sistemas adaptativos (que se adaptam ao ambiente), segurança do trabalho, segurança da informação, mecatrônica, inteligência artificial e outros conceitos complexos, multidisciplinares e emergentes no contexto da Tecnologia da Informação.

A expectativa é que a adoção dos Cobots cresça exponencialmente nos próximos anos, aumentando a capacidade produtiva da manufatura de pequenas, médias e grandes empresas. Mais qualidade nos produtos e mais competitividade para as empresas são outras vantagens óbvias da adoção dos Cobots. O efeito colateral é a extinção de milhares de postos de trabalho nos próximos anos. Contudo, segundo destacam vários especialistas, novos postos de trabalho e, principalmente, novas profissões deverão surgir, fazendo com que o ser humano use sua criatividade para resolver problemas que os Cobots não poderão resolver, pelo menos em um primeiro momento. Para saber mais sobre o futuro do trabalho na era dos robôs, eu recomendo a obra “A chegada dos Robôs” de John Pugliano.


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 15 de julho de 2018.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!