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Reconhecimento Facial: uma das tecnologias mais controversas da atualidade

Reconhecimento Facial: uma das tecnologias mais controversas da atualidade

Com a evolução das câmeras digitais, sejam elas profissionais, compactas ou embutidas nos dispositivos móveis, o hábito de publicar fotos na internet se tornou corriqueiro na vida dos usuários da grande rede. Seja por motivos profissionais ou simplesmente para registrar momentos especiais com a família e amigos, o fato é que são publicadas cerca de 100 milhões de fotos por dia apenas na rede social Instagram.

Diante dessa grande quantidade de fotos, uma tecnologia chamada Reconhecimento Facial tem chamado a atenção de muitas empresas e especialistas, não apenas por suas aplicações, mas, principalmente, por suas implicações éticas no que diz respeito a questões de privacidade.

O Reconhecimento Facial é uma tecnologia de reconhecimento de faces e identificação biométrica de pessoas usando meios computacionais. Uma imagem digital é processada por um software que cria pontos em áreas específicas, como nariz, boca, olhos, linhas do cabelo, etc. A relação entre esses pontos forma uma geometria espacial. Assim que um rosto é identificado por uma câmera, o sistema analisa sua geometria espacial e faz uma consulta em um ou mais bancos de dados com o objetivo de encontrar informações previamente cadastradas sobre aquela pessoa.

O Facebook e o Google usam o reconhecimento facial com o objetivo de identificar pessoas em fotos. Alguns dispositivos oferecem o recurso como uma maneira alternativa para autenticação do usuário. Assim, em vez de usar uma senha numérica ou a impressão digital, o usuário pode olhar para a câmera para acessar o dispositivo, como no iPhone X, lançado no Brasil em dezembro de 2017.

No Brasil, há diversos aeroportos com câmeras capazes de detectar rostos com o objetivo de identificar foragidos e suspeitos de tráfico de drogas e contrabando. O governo chinês também possui um sistema assustador de câmeras fixas e móveis dotadas de inteligência artificial, capazes de identificar qualquer pessoa pelo país. Há também diversas empresas que possuem câmeras domésticas com esse recurso, visando aumentar ainda mais a segurança das residências.

“…o Reconhecimento Facial é uma tecnologia útil em diversos contextos, porém, extremamente controversa. Se os dados de uma pessoa forem expostos indevidamente, em casos mais extremos sua segurança pode ser comprometida”

Apesar dos muitos benefícios, o reconhecimento facial não é considerado uma técnica 100% segura, visto que muitos sistemas podem ser burlados usando fotos. Assim, é possível usar a foto de uma pessoa para conseguir acesso ao seu dispositivo ou residência, por exemplo. Entretanto, a principal questão sobre o reconhecimento facial é a privacidade, visto que outras formas biométricas de identificação, como a impressão digital e reconhecimento de voz, exigem uma ação explícita ou permissão do usuário para que esses dados sejam capturados, já o reconhecimento facial, não. Imagine você andando pela rua e, sem perceber, uma pessoa tira uma foto sua. Depois, usando um aplicativo, ela usa foto e consegue descobrir quem é você. Coisa de ficção mostrada nos filmes do agente secreto James Bond? Definitivamente, não!

Criado inicialmente para ajudar as autoridades a identificar suspeitos, o aplicativo russo Find Face consegue identificar pessoas estranhas com uma precisão estimada de 70%. Para isso, é necessário que os “procurados” tenham um perfil no Vkontakte, a rede social mais popular da Rússia. Acho isso assustador!

Enfim, o Reconhecimento Facial é uma tecnologia útil em diversos contextos, porém, extremamente controversa. Se os dados de uma pessoa forem expostos indevidamente, em casos mais extremos sua segurança pode ser comprometida. O artigo 5º, inciso X da Constituição Federal, garante o direito à privacidade, no entanto, diante das facilidades das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), consciente ou inconscientemente, parece que estamos abrindo mão desse direito fundamental. Sem dúvida serão necessárias muitas discussões sobre quando e como aplicar o reconhecimento facial.


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 15 de abril de 2018.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!